25/05/2011

Campo Mourão e LUÍZ ANTÔNIO DE SOUZA BOTELHO MOURÃO


Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão D.

Empresta seu nome a Campo Mourão - (n. 1722/02/21 – f. 1798/10/03)

Biografia e cronologia histórica:

“D. Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão – 4º Morgado de Mateus - governador da Capitania de São Paulo é personagem histórica do período Brasil-Colônia onde permaneceu por 10 anos. (1765 a 1775).

Nasceu em Vila Real, cercado pela aristocracia portuguesa e no seio de uma família abastada da qual era Morgado (herdeiro). Mesmo assim o nobre fidalgo português da Casa Real optou pelas atividades militares, sem esquecer as culturais e gerenciais”.

Genealogia:
Pai de D. Luíz: António José Botelho Mourão *1690, filho de Matias Álvares Mourão e de Maria Coelho de Barros Faria. Casou com Dona Joana Maria de Sousa *1695 e tiveram um casal de filhos: D. Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão, morgado de Mateus *1722 e, Dona Maria de Sousa Botelho.
Mãe de D. Luíz - D. Joana Maria de Sousa *1695, filha de D. Luis António de Sousa *1671 e de Dona Bárbara Mascarenhas de Queirós *1675, casada com António José Botelho Mourão *1690, e teve um casal de filhos: D. Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão *1722 e, Dona Maria de Sousa Botelho.
Avós paternos de D. Luíz: Matias Álvares Mourão e Maria Coelho de Barros Faria.
Avós maternos de D. Luíz: D. Luis António de Sousa * 1671, e Bárbara Mascarenhas de Queirós *1675.
Bisavós paternos de D. Luíz: Domingos Botelho Álvares Ribeiro e Joana Mourão, pais de Matias Álvares Mourão, Cristovão Álvares Coelho e Brites de Barros e Faria, pais de Maria Coelho de Barros Faria.
Bisavós maternos de D. Luíz: D. António Luis de Sousa, 2º Marquês das Minas *1644 e Teresa Coloen *1650, pais de Luis António de Sousa.


Armas e Brasões das famílias

  
Sousa - Botelho - Mourão

1722 (n. 1722/02/21 – f. 1798/10/03) - dia 21 de Fevereiro, Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão nasceu em Vila Real, Portugal. Primeiro filho do fidalgo D. Antonio José Botelho Mourão e Dona Joana Maria de Sousa. Seu pai pertencia a corte da Casa Real, foi Tenente-Coronel da Cavalaria, Cavaleiro de Cristo e 3º Morgado de Mateus. Combateu na Guerra da Grande Aliança, honrou sua estirpe e orgulhou a Casa dos Mateus.





  
Mapa e vista parcial da cidade de Vila Real – Portugal

 
Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão

Bibliografias de Portugal grafam seu nome como: “D. LUÍS ANTÓNIO DE SOUSA BOTELHO MOURÃO, falecido em 3 de Outubro de 1798. Deteve os títulos honoríficos de: Conselheiro de Sua Majestade, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Tenente-Coronel dos Dragões de Chaves, Capitão-General e Governador da Capitania de São Paulo (Brasil), Alcaide-mor da cidade de Bragança por carta-régia de 3 de Outubro de 1772; Senhor do Morgado de Mateus, Cumieira, Arroios, Sabrosa, Moreleiros e Fontelas; Comendador de Santa Maria de Vermiosa na Ordem de Cristo e Senhor da Honra da Ovelha, no Marão (18-6-1756) e Brigadeiro”.


 
Solar dos Mateus na fachada do palácio

A nobre família residia no Solar de Mateus da Vila Real, em Trás-os-montes, um dos mais bonitos de Portugal, construído na primeira metade do séc. XVIII pelo 3º Morgado de Mateus, António José Álvares Botelho Mourão (n. 1688 f. 1746) pai de D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão, em belíssima arquitetura ao estilo barroco da época.
A construção da casa implicou na demolição da anterior edificada quase 150 anos antes da atual. O mesmo Morgado começou a erigir a Capela anexa a Casa dos Mateus, a qual estava bem adiantada antes da sua morte e foi concluída, quatro anos depois, em 1750, pelo seu filho D. Luíz Antônio, o 4º Morgado de Mateus. A notável arquitetura barroca é atribuída ao engenheiro italiano, Nicollo Nazoni.
A principal característica exterior é o contraste entre o branco das paredes com o granito esculpido que desenha os seus contornos e os surpreendentes pináculos sobre os telhados que se destacam na elegância da fachada do solar.

Palácio de Mateus


Visita ao Solar de Mateus (vídeo)
Um belo passeio - assista

Atualmente, a Fundação da Casa de Mateus, criada em 1970, em seus estatutos volta-se aos ”objectivos a conservação, restauro e melhoramento da Casa, ao estudo, catalogação e divulgação do seu arquivo e ainda actividades culturais, científicas e pedagógicas”.

Ascendência e descendência:
Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão (n.1722 f.1798), filho primogênito de António José Botelho Mourão (n.1690) e de D. Joana Maria de Sousa (n. 1695) teve duas mulheres e quatro descendentes.
Filhos do 1º casamento, com Leonor Josefa de Portugal (n.1722) filha de D. Rodrigo de Sousa Coutinho Castelo-Branco e Menezes (n.1680) e de Dona Maria Antónia de São Boaventura Menezes Paim (n.1685):
1 - D. José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos (n.1758) que casou-se, a primeira vez, com Dona Maria Teresa de Noronha (n.1760). Casou-se, pela segunda vez, com Adelaide Maria Filleul de Bellarderie (n.1770);
2 - D. António José de Sousa Portugal;

3 - D. Maria Antónia de Portugal e Sousa (n.1740) casou-se com José de Almeida e Vasconcelos, 1º Barão de Mossâmedes (n.1753);

4 - Teresa Luísa de Sousa Maciel (n. 1752), que casou-se com António José Girão Teixeira Lobo Barbosa, é filha do 2º casamento de D. Luis Antonio com Dona Luísa Victoria Maciel Torres de Aguiã, filha de Manuel dos Reis Maciel de Aguiã e Luísa Torres.

1753 - aos 31 anos de idade, Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão foi admitido como fidalgo da Casa Real ao receber a Honra da Ovelha, na Serra do Marão.

Fidalgos de Portugal

1754 - casou-se com uma parenta, D. Leonor Ana Luísa Josefa de Portugal, filha de D. Rodrigo de Sousa Coutinho e de Dona Maria Antónia de Menezes Paím.

1758 – em 9 de Março, na cidade do Porto, onde D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão residiu, nasceu o primeiro filho: José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, herdeiro legítimo do título de Morgado de Mateus.

 
5° Morgado de Mateus

José Maria de Sousa Botelho Mourão e Vasconcelos, 5º Morgado de Mateus, nasceu em Porto a 9 de Março de 1758 e faleceu em Paris a 1º de Junho de 1825. A exemplo do seu pai seguiu a carreira diplomática e tornou-se célebre pelo fato de ter mandado imprimir a edição de ‘Os Lusíadas’. Além do morgadio recebido com a morte de D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão, D. José Maria herdou outros atributos, tal como o gosto pela cultura inspirado em vários atos do seu pai durante os 10 anos que governou a Capitania de São Paulo.

 
Conde de Oeiras e Marquês de Pombal
Sebastião José de Carvalho e Melo - (n.13/05/1699) e (f.08/05/1782)

No reinado de D. José I, Sebastião José de Carvalho e Melo - Marquês de Pombal - assumiu a administração das colônias portuguesas de além-mar e implementou mudanças para fortalecer a estrutura militar e econômica colonial.
A província de São Paulo foi beneficiada em razão de sua posição estratégica: era próxima às colônias da Espanha e servia de barreira à penetração de estrangeiros na região.
Por ordem do Marquês de Pombal, os jesuítas foram expulsos de Portugal e do Brasil, obrigados a desocupar o colégio que fundaram na Vila de São Paulo bem como as missões da região Sul.

A imensa província a cargo de D. Luíz

A fim de impor a nova ordem, nomeou o fidalgo e militar português, D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão com o fito de governar e reestruturar a Capitania de São Paulo ao qual coube, inicialmente, o papel de defender os Campos de Piratininga e comarcas do Sul junto as fronteiras com a América espanhola. Com objetivo de garantir os limites do Brasil-Colônia e a defesa da grande Província de São Paulo, o novo governador mandou fundar diversas vilas no interior da capitania que abrangia os atuais estados sulinos e parte de Mato Grosso.

Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão 
no Brasil


1765 - Divisão política do Brasil quando veio D. Luiz 

1748 – Em maio foi extinta a Capitania de São Paulo - Província de Piratininga formada também pelo Paraná e Santa Catarina - que passou a jurisdição da Capitania do Rio de Janeiro.

1765 – 06 de janeiro, por ato oficial do rei D. José I, o Tenente-Coronel D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão, com aval do ministro real Sebastião José de Carvalho e Mello (Marquês de Pombal) foi nomeado Capitão-General da Capitania de São Paulo, a qual foi recriada após um abandono de 17 anos e de estar subordinada a Capitania do Rio de Janeiro, governada por Joaquim Félix de Lima (1760 – 1774). D. Luíz Antônio foi o 9º governador da imensa Província Paulista.

 
Rei José I - O Reformador e 25.º rei de Portugal
(n. em Lisboa a 6 de Junho de 1714 e f. em Ajuda em 24 de Fevereiro de 1777). Filho de el-rei D. João V e da rainha D. Maria Ana de Áustria.

Campo Mourão - O nobre, D. Luíz Antônio governou entre 1765 e 1775. Nesses 10 anos fundou cerca de 20 freguesias e vilas e suas milícias nominaram os ‘Campos do Mourão’ em sua homenagem, que deu origem ao município de Campo Mourão, no Centro-Oeste do Paraná. Durante seu governo, as regiões Sul e Sudeste do Brasil atingiram limites fronteiriços bem semelhantes aos atuais.

1765 – 18 de julho, chegou ao porto da Capitania de São Sebastião do Rio de Janeiro. Dia 19, desembarcou no cais de Santos e subiu a Serra do Mar até São Paulo, com a missão maior de proteger o Sul do Brasil contra invasões espanholas, bem como expandir e guarnecer as fronteiras, além de extrair e enviar recursos e riquezas brasileiras à Lisboa que ainda estava sendo reconstruída depois do grande terremoto de 1755.

 
Rota de D. Luíz ao Brasil

Trouxe a maior coleção de mapas, referências bibliográficas que pôde encontrar e uma equipe de cartógrafos com a qual traçou os rumos da sua administração dando início ao progresso viário, econômico, político e social da emergente província fadada a ser a maior metrópole brasileira.


1765 – 22 de Julho, D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão tomou posse e assumiu os destinos da Capitania de São Paulo até 14 de junho de 1775, quando transmitiu o cargo a Martín Lopes Lôbo de Saldanha, que governou a Província de Piratininga até 15 de Março de 1782.

Suas realizações e feitos:
A administração de D. Luíz Antônio a frente da Capitania de São Paulo, iniciou um novo ciclo de progresso, organização social, cultural, agro-econômico, militar e político, sem continuidade por parte do seu sucessor.

1765 - um decreto do rei de Portugal, enviado ao governador da Província, autorizou o corte de pinheiros em Curitiba (5a Comarca de São Paulo) para construir a nau São Sebastião, que navegou entre Brasil, África e Portugal por mais de cinqüenta anos em bom estado de conservação.

 
Pau-brasil, ibirapitanga, orabutã, muirapiranga, pau rosado (Caesalpina echinata)) e Pinheiro, curiúva, pinho, cori, pinheiro-caiová, pinheiro-do-paraná, pinheiro-das-missões (Araucaria angustifolia)

Comércio - No Brasil, a exploração florestal teve início, oficialmente, em 1511, por Fernando de Noronha, o primeiro arrendatário de pau-brasil. A atividade extrativa de pau-brasil foi, até o século XVII, a principal fonte de divisas da Coroa Portuguesa retirada da terra brasileira.

1765 – logo que assumiu o governo da Província, 
D. Luíz Antônio mandou realizar o primeiro censo demográfico na capital e vilas paulistas, o que demonstrou a existência de: 899 famílias com 1.748 homens e 2.090 mulheres (exceto escravos e mendigos). A capital tinha apenas 392 famílias com 648 homens e 867 mulheres.

1765 – Neste ano comprovamos o primeiro censo demográfico que se tem notícia feito no Brasil. São fontes importantes de informações sobre quantas pessoas existiam na Província de São Paulo. 
Em Praia Grande, por exemplo, verificamos que ali viviam famílias como as de: Gaspar, Joaquim, Narciso, Lourenço, Felipa, Escolástica, Cristovão, Cleto, Onofre, Lorença, Faustino, Anna, Josefa, entre outros nomes de pessoas que habitavam sítios na região. Segundo documento da época, entre as "Prayas de Taypus e Mongagua" – trecho da orla marítima no tempo do recenseamento - existiam agricultores que utilizavam o trabalho de negros forros (libertos, alforriados) e escravos empregados na produção de alimentos destinados ao abastecimento das vilas de Cananéia, São Vicente, Santos e São Paulo.

  
Avenida Paulista aberta por D. Luiz, na Vila de São Paulo

1765 – Ao assumir a Capitânia de São Paulo, D. Luíz estava ciente das ameaças de invasão da terra brasileira garantida aos portugueses pelo Tratado de Madri e mandou a Curitiba (Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais) seu primo, Tenente-Coronel Afonso Botelho de Sampaio e Souza, a fim de organizar expedições com o objetivo de reconhecer e explorar a região Oeste do Paraná. A princípio as tropas utilizavam canoas para a penetração através dos rios e começaram a estabelecer portos de apoio às milícias.

 
 Brasão: Sampaio - Sampayo - Sam Payo - São Paio - São Payo

Afonso Botelho de Sampaio e Sousa era filho de Afonso Botelho Sampaio Sousa e de Dona Quitéria Liberata Sotomaior de Azevedo Cão. 
Casado com Ana Felícia de Figueiredo, teve uma filha: Ana Leopoldina Botelho de Sampaio e Sousa, casada com António Botelho Correia Guedes do Amaral. 
Afonso Botelho denomina logradouros públicos em Curitiba, Campo Mourão e outras cidades do Paraná e São Paulo.

Vila Nossa Senhora dos Pinhais - começo de Curitiba

1765 - 5 de Dezembro, D. Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão ordenou que Afonso Botelho – comandante militar da Comarca de Curitiba - iniciasse um povoado na enseada de Guaratuba.
Afonso seguiu instruções do governador, reuniu 200 casais e transferiu-os para o referido local dando-lhes  ferramentas necessárias e designou-lhes áreas de terra de acordo com suas necessidades.

1766 – D. Luíz Antônio assumiu a Provedoria da Santa Casa da Misericórdia, na freguesia (paróquia) de São Paulo.

1766 – em 24 de Julho, o ituano Antônio Correa Barbosa recebeu incumbência de D. Luíz Antônio, de fundar um povoado na foz do rio Piracicaba, a margem do rio Tietê, mas Barbosa criou o povoado rio Piracicaba acima, em outro local.

 
Bacia do rio Tietê

Bem antes, por volta de 1720, o caminho fluvial que conduzia às minas de ouro do sertão de Goiás e Mato Grosso era o rio Tietê, no qual aumentava a navegação não só com o crescente número de aventureiros, como por expedições e bandeiras oficiais ordenadas pelo Capitão-General de São Paulo, empenhado em consolidar as fronteiras e povoar o Centro e Sul do Brasil.

1766 – D. Luíz  instruiu seu primo Afonso Botelho, que respondia pelos destinos da Comarca de ‘Coretyba’, no sentido de solicitar uma decretação da Corte: considerando propriedade real os pinheiros cujo diâmetro permitisse o uso na mastreação dos navios da armada lusitana”.
A sugestão foi bem acatada, mas não transformada em lei pelo rei de Portugal. Várias cartas-régias foram baixadas a respeito de reservar as florestas da costa brasileira como patrimônio real visando garantir o suprimento de matéria-prima destinada a construção de caravelas lusitanas.

1766 - Em Julho o Conde de Oeiras e Marquês de Pombal dirigiu-se a D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão louvando, em nome do Rei de Portugal, os projetos de fundar a povoação na enseada de Guaratuba e comunicou ao governador da Província, que o Rei gostaria que a nova vila tivesse o seu nome, ou seja, o de São Luís, bem como o santo padroeiro local, e assim foi feito.

1766 – Em Agosto deste ano, D. Luíz ordenou que Antônio Correa Pinto de Macedo levasse uma “bandeira militar” até os Campos de Lages, no extremo Sul da capitania, área invadida por espanhóis procedentes do Paraguai, infiltrados na Ilha de Santa Catarina (atual Florianópolis), desde a passagem por ali de D. Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, militar em Assunção (1541).

1766 - Seguindo as determinações do governador, a expedição chegou aos Campos de Lages-SC três meses depois, em 22 de Novembro de 1766, deu início a fundação da vila e construção da capela.

1767 – Dia 29 de Maio, D. Luíz não foi incensado pelo diácono no final da procissão de Corpus Christi, a qual assistiu e participou pela primeira vez como Capitão-General da Capitania de São Paulo. O ato foi considerado uma afronta ao preposto da Corte portuguesa e acirrou a beligerância contra o clero jesuíta.

1767 – 1º de Agosto foi fundada, oficialmente, a Freguesia de Piracicaba, com a finalidade de abastecer a Colônia Militar de Nossa Senhora dos Prazeres de Iguatemi situada na fronteira do atual Mato Grosso do Sul. A principal atividade inicial na sede de Piracicaba era fabricar canoas de transporte fluvial.

1767 – Início da construção do Forte de Nossa Senhora dos Prazeres - Fortaleza da Barra - na Ilha do Mel-PR, sob a supervisão do Tenente-Coronel Afonso Botelho de Sampaio e Souza, de acordo com ordens emanadas do governador da Capitania de São Paulo.

  
Fortaleza na Ilha do Mel - PR

Defesa - Situada no Morro da Baleia, a fortaleza dominava o canal de entrada da Baía de Paranaguá e contava, quando foi concluída em 1779, com: dois canhões calibre 24, dois de 18 e dois de 12, que foram usados em combate naval uma única vez (1850), contra a nau de guerra inglesa Cormorant, que havia aprisionado três navios negreiros de bandeira portuguesa, ancorados no Porto D. Pedro II de Paranaguá. Hoje a fortaleza é Patrimônio Histórico Nacional e ponto turístico dos mais concorridos.

1768 – Neste ano o fazendeiro Simão Barbosa Franco recebeu autorização para fundar a Vila de Itapetininga, sob as ordens do governador da Capitania de São Paulo. Ao mesmo tempo, Manuel Barbosa Franco recebeu o título de Tenente da Cavalaria de Lages comandada pelo Capitão Bento do Amaral Gurgel Annes.

1768 - 13 de Maio, D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão mandou construir uma igreja no povoado da Vila de São Luis de Guaratuba, litoral do Paraná.

1768 – 5 de Dezembro, começou a primeira expedição fluvial no Paraná ordenada por D. Luíz Antônio, comandada pelo Tenente Domingos Lopes Cascais, com 30 tripulantes e três canoas que, após três meses de exploração no curso do rio Iguaçu retornou ao Porto de Nossa Senhora da Conceição de Caiacanga onde fora iniciado o embarque.
Essa expedição deu origem ao município de Porto Amazonas-PR, que na época era uma área de sesmarias de proporções consideráveis, dividida em quatro fazendas: Papagaios, Cancela, Butuquara e Porcos de Cima. Visto que a Fazenda dos Papagaios era a maior de todas, o Porto do Curral do Caiacanga servia para atender e embarcar o gado, a erva-mate e outros produtos ali existentes.

    
Amazonas de Araújo Marcondes

Porto Amazonas - Até o ano de 1868, a ocupação da terra na região de Porto Amazonas – PR ocorreu de forma regular, com a venda e desmembramento das fazendas originais, e houve o assentamento de diversas famílias que as compraram. 
Situado no início do trecho navegável do rio Iguaçu, o município nasceu e se desenvolveu sob o ciclo da erva mate, com o Coronel Amazonas de Araújo Marcondes e seu vapor "Cruzeiro", o primeiro barco a atracar à margem do rio Iguaçu, onde se desenvolveu a cidade, que em homenagem ao Coronel, denominou-se Porto Amazonas.

1769 – 8 de abril, envio da carta de D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão ao Tenente-Coronel da Comarca de Curitiba, Afonso Botelho de Sampaio e Souza, que originou o nome do município de Campo Mourão, nestes termos:

“pára o Afonso Botelho de Sampaio e Souza


Pareceme que a Idea vay totalmte consertada, e q não precizo de acrescentar mais nada, por q’ em tudo o que se offerecer te se estabelecerem as bandeiras, pode vmce dar as providências necessras, conforme ao espírito das Instrucções de q’ o tenho formalizado; e só depois de estabelecido os postos, conforme noticias que nos derem paragens em q’ tem, e circumstancias que observarem, poderey avisar a vmce, o mais que se deve obrar; para o q’ era necesr.o q’ os avizos fossem dados muitos certo, e bem ajuizados, sem affectação alguma, e com toda a pureza da verdade, sem falta e sem encarecimento: tambem se preciza que quem os escrever saiba reparar naquilo que he mais digno de attenção, e de conseqüência, e como isto he difícil por que nem todos tem a devida prespicacia, e podem mtas vezes desprezar aquellas cousas mais dignas de reparo por lhe parecem inúteis será mais conveniente, q’ vmce lhes passe ordem q’ escrevao tudo qto virem, quanto ouvirem, quanto imaginarem, sendo cousa certa, por q’ cá escolherá o q’ importar; por esta cauza me parece o Cap.m Franc.o Nunes pouco hábil, por q’ indo com o governo da 2ª Comp.ª, que entrou no sertão logo levou o descuido de lhe esquecer papel, e ainda o pouco q’ escrevo, diz que não escreve a vmce por o supor aqui, ou acolá, devendo entender que em materia tão importante e de tanto emp.º não deixaria vcme de pôr as cautellas necesr.as p.ª lhe irem logo os avizos e os appeteceria por instantes com a mais excessiva anciã; isto me faz desconfiar, que elle não tenha tallentos necessários, e q’ não saiba executar as ordens, e prosseguir a empreza; e como esta matéria he de mt.ª ponderação e grande gasto, que não pode admitir erro, sem prejuízo grave, vmce observe se vir q’ elle não dá boa conta, mande-o por outro mais capaz, q’ saiba o q’ hade obrar, e o mesmo faça a respeito de todos os mais, por sermos nós (eu principalmente) sobre que ha de recahir todo o defeito q’ tiver esta acção: Os avizos q’ elle dá ao Ajud.e de Aux.es Gamito tambem são pouco interessantes, e deminutos, q’ não deixao Idea clara p.ª se descrever, por q’ p.ª q.m está de longe, e há de formar juízo requer-se que se lhe juntem as couzas com huma clareza grande para poder perceber. Já avizey a vmce q’ o r.o chamado de Ubatuba mande vmce que se chame de D. Luiz de Matheus daqui por diante; em outro ponha vmce o seu nome e em todos nomes de nossas casas, e apelidos mais conhecidos, de sorte q’ fique bem estampada a memoria dos Auctores deste descobrimt.º para os tempos futuros; do mesmo modo faça vmce chamar os arrayaes, o principal ha de ser dos Prazeres do Rg.º, os outros de Matheus, de S. Luiz, de Passos de Villa Real, dos Botelhos, dos Mourões, de Sabroza, da Cumieira, etc., tudo nomes que nos pertenção e q’ fiquem claros no conhecimt.º das gentes, p.ª q’ possão resistir á fatalidade do esquecimento do tempo.
Faltandome dizerlhe q’ já agora mande promover o descobrimet.º com todo rigor, e adiantar bandeiras pela direcção de seus rumos quanto for possível, porq’ o negocio vay já em tal altura, q he precizo leval-o ao fim, e não se pode afroxar nelle.
Já recebi as amostras de ouro do descuberto de Cardozo, e ainda que não mostra grandeza pode havel-a, e por não demorar mais a partida destas cartas, reservo responder pelo sold.º de Parnaguá a esse respeito o q’ se me offerecer, por estar inclinado ao mandar repartir para ajuntar a gente, e a consolar, e a ter prompta para a promover dahi para o meio do sertão, ou aonde se descobrirem as mayores riquezas, q’ esse há de ser o fim por q’ me resolverey a repartil-o. He o q’ se offerece, e segurarlhe sempre a m.ª vont.e e dez.º de o servir.
Deos gde a vmce mtos annos.

S. Paulo 4 de 8Br.º de 1769.
D. Luiz Antonio de Souza
Ao Sr. Tent.e Cor.el Ajud.e das ordens do Gov.e.

1769 – Dezembro, seguindo as ordens do governador da Província de São
Paulo, o comandante das tropas em ‘Coretyba’, Afonso Botelho de Sampaio e Sousa enviou duas expedições militares para as regiões dos rios Tibagi e Ivai.
A primeira, comandada pelo Capitão Estevão Ribeiro Bayão atingiu o vasto Cerrado Mourãoense e deu ao local o nome de ‘Campos do Mourão’, em homenagem a D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão.

Campos do Mourão - Cerrado Mourãoense

1770 – Chega na região dos “Campos do Mourão” a segunda expedição comandada por Francisco Lopes da Silva, que reconheceu as ruínas da Vila Rica do Espírito Santo (Fênix - PR) e denominou o rio Ivai de “Dom Luíz de Matheus”, alusão ao morgadio do governador da Capitania de São Paulo. Essas milícias aquarteladas em São José dos Pinhais e Curitiba tinham a missão de tomar posse da terra e espionar as invasões espanholas.

1769 - 13 de Junho, um novo povoado paranaense foi elevado à categoria de Freguesia Nova de Santo Antônio da Lapa, quando Afonso Botelho iniciou a construção da Igreja de Santo Antônio autorizada por D. Luís Antônio. Centralizou o núcleo que deu origem a histórica cidade da Lapa - PR.

1769 – 27 de Junho deste ano, o Capitão-General D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão enviou ofício ao Ouvidor-Geral e Corregedor da Comarca de São Paulo: "faça erigir a dita Povoação de Mogi-guaçu em vila levantando-lhe pelourinho e assinalando-lhe termo assinado pelos vereadores das Câmaras circunvizinhas ...", enquanto Mogi-Mirim ficaria sendo uma nova Freguesia (paróquia) e São José seu padroeiro.

1769 – Somente dia 6 de Outubro é que Salvador Pereira da Silva, Ouvidor-Geral e Corregedor da Comarca de São Paulo, foi até a Vila de Jundiaí e comunicou aos vereadores a ordem emanada do Governador da Capitania de São Paulo, que almejava elevar Mogi-Guaçu a condição de Vila.

1769 - Dia seguinte, 7 de Outubro, os Camaristas de Jundiaí enviaram ofício ao Governador da Capitania sugerindo que a escolha recaísse sobre Mogi Mirim e não Mogi Guaçu, alegando: “as condições naturais desfavoráveis de Mogi Guaçu (lamaçais, proximidade do rio que facilmente transbordava, febres)”, e enumeraram as situações favoráveis de Mogi-Mirim.

1769 – 11 de Outubro, depois que recebeu o ofício da Câmara de Jundiaí, o Governador da Capitania de São Paulo enviou correspondência ao Ouvidor Geral, em que ordenava a este que mandasse: "examinar qual dos sobreditos dois Arraiais será mais próprio e conveniente para nele se levantar Vila, e achando que o de Mogi Mirim prevalece nas circunstâncias, que se requerem na forma da representação da Câmara, de que remeto cópia: Vossa Mercê o eleja e mande erigir em Vila na forma das antecedentes Ordens que lhe tenho expedido...M.M" (Morgado de Mateus).

1769 – 22 de Outubro, finalmente o governador optou por elevar a Freguesia de São José de Mogi-Mirim a condição de Vila. Nesta data chegaram a Mogi-Mirim o: "Juiz de Órfão trienal da Vila de Jundiaí, Sargento-Mor Antonio Jorge de Godoi, por ordem do Doutor Salvador Pereira da Silva, Ouvidor Geral e Corregedor desta Comarca de São Paulo, para efeito de fundar e estabelecer esta nova Vila ...". O nome Mogi Mirim, em Tupi, significa: “pequeno rio das cobras”.

1770 - 23 de Janeiro, D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão determinou ao seu ajudante de ordens “da Comarca de Coretyba, Tenente-Coronel Afonso Botelho de Sam Payo e Souza que criasse o sítio Guaratuba, onde já havia algumas famílias”.

1770 - Devoto de Sant'Ana, o Capitão-General mandou erigir uma capela em louvor da santa, a qual inaugurou dia 19 de Agosto de 1770, no centro de São Paulo. Neste sábado, como parte da festa realizada, promoveu uma sessão literária durante a qual – realizada das 19 horas do dia 19 às 02 horas do dia 20 - D. Luíz Antônio declamou o soneto de sua autoria, intitulado: ‘Em louvor da Gloriosa Santa Ana:

" Gloriosa Matrona, cujo emprego
por dom de Deus Eterno Onipotente
é socorrer o mísero inocente,
que deste mundo surca o lar pego.
Neste mar proceloso, em que navego,
conduzindo o destino a tanta gente,
os votos vos consagro humildemente,
quando a vós o governo todo entrego.
Vós sois do mar da graça norte, e guia
que ao humano baixei desamparado,
o socorro prestais de mais valia.
Fazei que destes céus nos seja dado
o ouro, que encha os povos de alegria
a graça, que nos livre do pecado".

1770 – 25 de Agosto promoveu uma sessão literária na Igreja do Colégio (confiscada dos jesuítas), através da Casa de Letras por ele criada, denominada Academia dos Felizes de São Paulo, da qual participaram beneditinos, franciscanos, carmelitas, seculares, palacianos, professores e demais letrados.


1770 – Com a finalidade de dominar o importante rio Tietê, D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão fundou a Vila de Nossa Senhora dos Prazeres do Iguatemy - MS e nela o Forte São Carlos, que foi destruído pelos espanhóis em 1777.

Sesmarias - Disposto a retomar o rio Tietê - “estrada do sertão” - e reconquistar o Sul e o Oeste brasileiro, o governador concedeu sesmarias e fundou povoações nas margens do grande caudal, dentre as quais: Itu, Constituição (Piracicaba), Pirapora do Curuçá (Tietê), Araraquara, Tatui, Lençóis, Botucatu e Ararytaguaba (Porto Feliz), dentre outras.

Defesas - A Colonia Militar de Iguatemy era importante defesa na fronteira, que sofria constantemente ameaças de invasões por tropas espanholas. Ciente disso D. Jose I, então rei de Portugal, ordenou ao Capitão-General de São Paulo, que construísse, o mais breve possível, uma estrada até Iguatemy com a finalidade de facilitar o transporte de tropas, munições e viveres às colônias que tinham como base a segurança do Forte de São Carlos.

Distâncias - Nessa época estava em franco progresso a povoação de Piracicaba e foi iniciada a estrada de Itu. O Capitão-General D. Luíz Antônio planejou construir a estrada da nova povoação rumo a Iguatemy, porém as dificuldades eram muitas e tinha que dar várias voltas até chegar a nova vila, tão distante da sede do governo dos Campos de Piratininga.

Voluntário - Sabedor dessas dificuldades, o fazendeiro José de Almeida Leme ofereceu seus préstimos para construir, as suas expensas, a estrada que, contornando os meandros do rio Paranapanema, fosse até Iguatemy. Esse oferecimento foi aceito com grande satisfação pelo Capitão-General Dom Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão.

1770 – Em Novembro ocorreu a fundação oficial da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga. Toda a sua área desmembrou-se do vasto território sorocabano e adquiriu autonomia política. Itapetininga foi primeiramente nome de rio que vem do tupi: “ita” (pedra), “peba” (chata) e “tininga” (seca).

1770 - Em Dezembro, a região de Guarapuava foi alcançada pela tropa comandada pelo tenente Bruno Costa, por ordem de Afonso Botelho de Sampaio e Souza, expedida pelo governador da Província de Piratininga, D. Luiz Antônio de Souza Botelho e Mourão. Sem condições de enfrentar os numerosos grupos nativos, essa expedição bateu em retirada depois da morte do comandante Costa.
Ainda em 1770, iniciou-se a ocupação da região sul, com envio de tropas comandadas pelo Tenente-Coronel Cândido Xavier de Almeida e Souza que alcançou os Campos de Guarapuava e fundou a povoação de Nossa Senhora do Carmo, em torno do Forte Atalaia.

1771 – Em Abril, Afonso Botelho de Sampaio e Souza deu como tomados os campos guarapuavanos por Francisco Martins Lustosa, e comunicou o fato ao governador da Capitania de São Paulo.

Susto - Alguns meses depois, Afonso Botelho, administrador da Comarca de Corityba, arriscou uma viagem até o forte de Guarapuava mesmo alertado dos perigos que os nativos, em pé-de-guerra, apresentavam. Na chegada a tropa foi ameaçada pelos ‘bugres’. Assustado, o comandante mandou dar meia-volta e retornou rapidamente a sede militar paranaense.

1771 – No princípio desse ano D. Luiz Antônio instituiu o ensino escolar obrigatório. Visava estimular o gosto literário e mobilizar culturalmente a sede da Capitania de São Paulo, vila que foi edificada por jesuítas. Além da Gramática Portuguesa e Grega, o Governador instituiu aulas de Geometria que supriram a ausência dos letrados jesuítas expulsos do Brasil; seguir as diretrizes ditadas pelo Marquês de Pombal, em Portugal; iniciar a Reforma de Ensino e acabar com a língua Tupi e Guarani que era a mais estimulada nessa região do Brasil, pelos catequistas da Ordem de Jesus, agora perseguidos pelas ordens do Marquês de Pombal que impunha a lingua e a cultura portuguesa nas colônias de além-mar.

1771 - 27 de Abril D. Afonso Botelho retornou a Guaratuba. No dia 28 foi celebrada a primeira missa oficiada pelo pároco Bento Gonçalves Cordeiro, auxiliado pelos padres: Frei João Santana Flores e Francisco Borges. No dia 29 elevou o povoado a categoria de Vila, com a denominação de São Luiz de Guaratuba, como se sabe, homenagem ao Morgado de Mateus, e no dia seguinte concluíram-se as cerimônias oficiais, assim registradas:

“Dia 30 de abril de 1771, na nova Vila de São Luiz de Guaratuba, na Praça Pública, onde se achava presente o Tenente Coronel Ajudante das Ordens Afonso Botelho de Sampaio e Souza, o Ouvidor Geral da Comarca Lourenço Maciel Azamor, comigo, escrivão do seu cargo, adiante nomeado, a Câmara do Rio de São Francisco, o Capitão Mor, o Sargento Mor, o Diretor da mesma Vila, o Padre Comissário Frei João de Santana Flores, o Padre Francisco Borges, O Capitão Francisco Aranha Barreto, o Tenente Joaquim Coelho da Luz e toda as mais nobres e povo, e sendo aí pelo dito Tenente Coronel foi proferido que ele devia ser o primeiro mais principal que pegassem no pelourinho a levanta-lo em obséquio do aumento dos Estados de S. M. pegando ele Ouvidor e Camaristas, todos os mais com repetidas vivas a S. M. e salvas de mosquetes, o puseram em alto no seu lugar, dando demonstrações de gostos que receberam dos estabelecimentos desta nova Vila... e eu, Constantino José Cardoso, Escrivão da Comarca que o escrevi”.
(O texto em itálico é parte da ata da fundação de Guaratuba).

Troca e destroca - Em 20 de Outubro de 1938, o Decreto Lei Estadual n° 7573 extingüiu o município de Guaratuba, que passou a ser Distrito de Paranaguá. No dia 10 de outubro de 1947, pela Lei n° 02 assinada pelo governador do Paraná, Moysés Wille Lupion de Troia, foi restaurada a autonomia municipal de Guaratuba, reinstalada no dia 25 de outubro do mesmo ano, com a posse do primeiro prefeito, Berilo da Cunha Padilha. Guará tyba em Guarani significa: "muitos guarás", pássaro de um vermelho vivo que existia aos milhares no litoral do Paraná.

1771 – 2 de Maio foi criada a Vila de São Francisco, do lado de Santa Catarina, conforme trecho da Ata:

“Ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de 1771, aos 2 dias do mês de maio do dito ano, no local chamado Sai, termo da Vila do Rio de São Francisco onde se achavam presente o Juiz Ordinário, O Capitão Amaro de Miranda Coutinho e o Vereador mais velho, Amaro Camacho e Pedro de Castilhos, segundo, e o terceiro, José de Miranda Coutinho e o Procurador do ano passado, Amazor Gomes de Oliveira, que por impedimento do atual, fazia as suas vezes e o Alcaide, Gomes Cardoso, todo da Governança da dita Vila do Rio de São Francisco e bem assim se achavam presente o Juiz e mais Oficiais da Câmara da Vila Nova de São Luiz de Guaratuba”.

Espanhóis - O Capitão-General D. Luiz Antônio estava preocupado com as avançadas dos castelhanos na Ilha de Santa Catarina, daí a importância dos guardiões e postos de observação nas Vilas de Guaratuba e da Barra de São Francisco.

1771 - Em Maio ocorreu a cerimônia oficial da fundação da Vila de Nossa Senhora dos Prazeres de Lages, pelo Capitão-Mor Antônio Correia Pinto de Macedo. Na ocasião, foram escolhidos os terrenos destinados às construções da: câmara de vereadores, cadeia pública e a praça da atual Lages - SC.

  
Casa da Ópera e o Colégio da Igreja Jesuíta

1772 – O primeiro teatro em São Paulo foi instalado provisoriamente, pelo governador Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão, no porão do Palácio do Governo, no Pátio do Colégio, conhecido como Ópera ou Teatrinho.
Posteriormente, o Teatro passou a funcionar na extinta Casa da Fundição (onde está atualmente a Caixa Econômica Estadual) que foi fechada por ordem do governador.
No seu interior adaptou-se uma sala de espetáculos, denominada Casa da Ópera, com capacidade de comportar 350 pessoas sentadas.
Dispunha de três portas no térreo e três janelas no primeiro andar.
Na entrada do saguão tinha duas escadas: uma exclusivamente de acesso ao camarim governamental e outra, aos 28 camarotes da elite. A platéia tinha somente bancos de madeira, enfileirados.
A iluminação era na base de velas de cera e lampiões ou candieiros, com mechas de pano embebidas em óleo. Os atores eram catados, geralmente gente humilde e analfabeta, caixeirinhos de vendas, barbeiros, na sua maioria mulatos e, pasmem: as atrizes eram prostitutas porque, já naquele tempo, “mulher séria não se prestava de maneira alguma a tal mister...”

Crítica do ano -"OS COMEÇOS DIFÍCEIS E ÁSPEROS - UM PALCO NO PORÃO DO PALÁCIO DO GOVÊRNO - A ESTUDANTADA DAVA NOTA - A PICARETA DO PROGRESSO PÔS ABAIXO A ÓPERA - O "S. JOSÉ" NO LARGO JÃO MENDES MARCOU ÉPOCA - UMA MADRUGADA, VIOLENTO INCÊNDIO DESTRUIU-O - RESSURGIU, EM FRENTE A PRAÇA RAMOS DE AZEVEDO - POR FIM, CONSAGRANDO S. PAULO COMO A CAPITAL ARTÍSTICA, SURGIU O MUNICIPAL" - (Raimundo Menezes)


Panfletagem - Em meados do século 17, a cidadezinha de São Paulo não possuía mais do que 4.000 almas, e isto, mesmo incluíndo neste número os negros escravos. "Foi, nessa ocasião, então, que se começou insistentemente a falar do teatro, entre nós, cogitando-se da instalação de uma Casa da Ópera, que funcionava na rua de São Bento. O prédio ficava exatamente entre o largo dêste nome e o antigo do Rosário, hoje praça Antônio Prado, e fôra alugado de João Dias por 640 reis por mês... porém o pessoal da Câmara implicou com tal teatrinho. Implicou por uma questão muito simples: por beatice. Assim mesmo, dando por pedras e por paus, o empreendimento foi para diante. Um dia teve que desaparecer. A campanha fôra tenacíssima. O certo, porém, foi que a semente caíra em terreno propício. Sete anos depois eis que se voltava a falar num teatrinho que funcionava, sabem onde? Imaginem só: nos baixos do próprio Palácio do Govêrno, ali no Pátio do Colégio. Era, na ocasião, governador da Capitania aquêle agitadíssimo d. Luís Antonio de Sousa Botelho Mourão, mais conhecido pelo título de Morgado de Mateus, que para cá viera com carta branca, podendo agir como bem entendesse. E assim não vacilou em consentir na instalação provisória da Ópera no porão do Palácio..."


A Casa da Fundição, que ficava mais ou menos onde hoje está instalada a Caixa Econômica Estadual, tinha sido fechada por ordem do governo. Pois bem: foi nesse prédio que se adaptou uma sala de espetáculos, a que se deu o título pomposo de Casa da Ópera.

Segundo Nuto Santana, "tinha ela, normalmente, lotação para 350 pessoas. Era de construção simples. Possuía três portas no rés do chão e três janelas no primeiro andar. No seu interior havia, à altura do saguão, duas escadas: uma dava para o camarim governamental e outra levava aos camarotes, em número de 28, divididos em três ordens. A platéia era apenas mobiliada com bancos. A iluminação era a mais precária possível: velas de cêra e candieiros, mais ou menos asseados, alimentados com azeite doce e mechas de algodão bem trançadas."
"Os empresários teatrais esforçavam-se por apresentar espetáculos atraentes.
Mas, as peças principais, eram sempre as mesmas: "D. José II" e o "Convidado de Pedra", que subiam à cena nas noitadas de gala. Os atores eram catados entre gente humilde e quase sempre analfabeta. Geralmente, eram caixeirinhos de lojas ou vendas, e barbeiros, na sua maioria mulatos e, o pior, prostitutas, porque, naquele tempo, mulher séria não se prestava de maneira alguma a tal mister...
Apesar de tudo, a platéia soluçava com os dramalhões de capa e espada, deliciava-se com os entremezes ingênuos, emocionava-se com os dramas lacrimosos, e gargalhava estrepitosamente com as farsas desopilante... Êsse um dos gênero mais apreciados pelas nossas bisavós." - (fac-símile do texto original).

1772 – 11 de Outubro, Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão teve a iniciativa de implantar o primeiro Correio Oficial entre São Paulo e Rio de Janeiro, via terrestre. Ordenou a instalação do serviço postal aos capitães-mores da região em que se assentavam, para que estabelecessem: "... paradas promptas pelos moradores que se achassem no dicto caminho, pelas quaes fizessem remeter instantaneamente todas as ordens e cartas de serviço que se enviassem de uma para outra capital, fazendo-se entrega de todas com recibo às outras paradas...”


1772 – Neste ano, as expedições militares realizadas pelo rio Iguaçu encerraram-se após o descobrimento dos Campos de Guarapuava – PR, e ter sido estabelecida uma rota terrestre pelo antigo Caminho dos Índios (Peaberu).

1772 – 20 de Novembro, em São Paulo, D. Luiz Antônio assinou a "Portaria sobre o divertimento das Óperas" e nomeou o Juiz de Fora - da Vila de Santos - José Gomes Pinto de Morais, diretor deste importante patrimônio cultural.

1773 - Mas o "instantaneamente" do Correio almejado de D. Luíz Antônio, somente veio a se concretizar em 01/09/1773, com a criação da primeira ligação terrestre formal do correio São Paulo/Rio, aberta ao público, por “bando” (boletim impresso) daquela data: "... Todos aquelles que quizerem escrever para ditta cidade do Rio de Janeiro ou para as villas que ficão no caminho o poderão fazer e mandar as cartas para a casa do Capitão Antonio Francisco de Sá de onde ha de partir a Parada e se declara que todos os mezes ha de haver esta commodidade, o que mando manifestar para o benefício do commercio e do público. E para que chegue a notícia a todos, mandei lançar este Bando, a toque de caixas pelas ruas publicas desta cidade e se afixará na porta da casa de minha residencia... ass:Luiz Antonio de Souza, Morgado de Mateus”.

1773 – O Capitão-General estabeleceu rotas para o serviço postal, por ele implantado anteriormente, como podemos ler nesta sua ordem ao Correio Oficial, em 12 de Agosto de 1773:
"Ordem pª se conduzir pelas paradas desta Cid.pª a Cap.ª do R. de Janrº. hum maço de cartas pª o Sr. Vice Rey do Estado - Parte desta Cidade de São Paulo pelas paradas que se achão estabelecidas para a Capital do Rio de Janeiro hum maço de cartas do Real Serviço importantes que envio ao Ill.mo e Ex.mo Sr. Marque de Lavradio, Vice rey do Estado: Ordeno a todas as pessoas que estiverem encarregadas das ditas paradas dentro dos distritos desta Capitania que a qualquer hora do dia ou da noite que o dº. maço lhe chegar à mão o fação expedir sem a menor dilação de tempo, fazendo passar recibo a todas as pessoas que dele tomarem conta; em que consta o dia e hora em que o receberão, os quais serão com esta e o dito maço entregues, para se vir no conhecimento da menor demora que houver, da qual serão castigados todos os que forem causa. E o mesmo tenhão entendido da parte do Ill.mo e Ex.mo Sr. Vice Rey em todas as paradas da jurisdição do mesmo Senhor.


São Paulo, a 12 de agosto de 1773

D. Luiz Antonio de Souza”.

1774 – 14 de Julho foi fundada, oficialmente, a Vila de Nossa Senhora da Conceição das Campinas do Mato Grosso, por Francisco Barreto Leme, por ato do governador da Capitania de São Paulo, D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão. A fundação deu origem a Campinas – SP, e na época o governador encarregou Francisco Barreto Leme no posto de Diretor e Administrador da nova freguesia.

Mourão era letrado - Surge Campinas - SP

1774 – 20 de Julho voltou sua atenção à educação geral contra o analfabetismo e lançou o "bando” (panfleto) para se abrirem escolas públicas de ler, escrever e contar e de Estudos de Gramática Portuguesa, em todas as freguesias e vilas da Província dos Campos de Piratininga.

Cultura - D. Luíz Antônio era um homem que valorizava a cultura e fundou, em São Paulo, a ‘Academia dos Felizes’ para reuniões literárias. Sobre as atividades culturais que desenvolveu, vale citar o seu dom musical como prova a música sacra composta por ele, mas proibida de ser cantada nas festas eclesiásticas da Capitania de São Paulo pelo seu detrator, Frei Manoel da Ressurreição, primeiro bispo de São Paulo, seu desafeto.

Visão - Na qualidade de administrador, a ação do Morgado de Mateus, que tratava de fortificar militarmente a Província de São Paulo, fez-se também sentir na economia brasileira com incentivos à agricultura e a multiplicação de vilas e freguesias pelo interior paulista, paranaense e catarinense.
Incentivou, principalmente, o plantio de cana-de-açúcar, implantou engenhos de baixo custo, o que resultou em alta da produção de açúcar exportada para a Europa.

Urbanizador - No desempenho de sua missão de fundar povoações, D. Luíz Antônio era minucioso. Suas ordens eram de que no sítio escolhido para nova povoação deveria existir rio, caça e roças. Quando se fizesse a praça quadrangular, nas povoações recém-formadas, deviam ser colocadas cordas esticadas para assinalar as ruas e travessas, que deveriam ser abertas e retas. Toda povoação devia ter uma capela e um pelourinho como símbolos da cristandade e da justiça real. Não queria gente espalhada ou isolada das comunidades. Tais pessoas deviam morar em lugares onde houvesse pelo menos cinqüenta vizinhos. Essa medida se tornava necessária porque – segundo sua crença - era contra o serviço de Deus viver em matos, longe do comércio, sem assistência religiosa e sem tempo para prestar serviço ao Império. Essa ação lhe valeu o título de "urbanizador".

Estrategísta - Enquanto governou, D. Luíz Antônio concretizou a Estrada dos Goiáses traçada, estrategicamente, para interligar ramais da Bacia do Prata a São Paulo, Goiás e Belém. O traçado seguiu rigorosamente os critérios geográficos, políticos e estratégicos, pré estabelecidos por ele.
A origem histórica dessa estrada e de muitas cidades atuais é a herança desse traçado, originalmente primitivo, a exemplo dos caminhos do Peaberu, Viamão e da Estrada do Mar, que resultaram nos mesmos fenômenos registrados no Paraná, Santa Catarina, São Paulo e grande parte do Rio de Janeiro, Mato Grosso e Goiás.

1775 – Em maio recebeu uma vaga carta-magna, seca, com ordens de entregar o governo e retornar a Portugal, sem maiores explicações da Corte, a ele, pego de surpresa.

1775 – 14 de Junho, D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão entregou o cargo de Capitão-General da Capitania de São Paulo, a Martín Lopes Lôbo de Saldanha, que governou até 15 de Março de 1782.

Triste fim - Disse o original popular da época assim, tal como foi grafado:

“A vida da Capitania ia indo normalmente, quando um dia como inesperada bomba, soou tristissima notícia: Dom Luis Antonio de Souza Botelho Mourão, o Morgado Mateus, deixou o governo da Capitania...
Bom, enégico, trabalhador, justiceiro, fora substituido, infelismente, pelo já conhecido perverso Martim Lopes Lobo Saldanha...
Tomando posse do cargo, Dom Lobo procurou desfazer a benfeitoria praticada por Dom Luis Antonio na Capitania de São Paulo.
Iguatemy, atalaia de observação do sertão na defesa da nossa soberania, foi devido a incuria do novo Capitão-general Martins Lobo Saldanha, que foi nefasto para o progreso de São Paulo, foi tomada por castelhanos; percebendo a má vontade do novo Governador de São Paulo que tinha abandonado a Colonia de Iguatemy,... os espanhois do Paraguai invadiram-na a 27 de Outubro de 1777, saquearam e tomaram posse do forte São Carlos.
Porém com a guerra de 1865, Iguatemy voltou a nos pertencer”.

Amargo Retorno

1798 – Ao retornar a Portugal não teve nenhuma recepção ou reconhecimento oficial pela sua vida inteira dedicada ao Reino, e muitas decepções. Por uma simples carta-régia foi comunicado para entregar o governo da capitania paulista. Afastado da Corte acusado de descumprir ordens e aposentado com a patente de Brigadeiro, pela rainha D. Maria, o 4º Morgado de Mateus, D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão, com a saúde abalada pela peste que contraiu no Brasil, veio a falecer no dia 03 de Outubro de 1798, aos 76 anos de idade, em sua cidade natal.

Laços da origem de D. Luíz de Souza Botelho Mourão

Família Mourão - Brasão: de verde, duas faixas de ouro e um castelo de prata em abismo. Timbre: o castelo do escudo.
Origem: o nome Mourão tanto pode constituir um patronímico ou ter existido como nome próprio, derivar de alcunha ou ter raízes toponímicas. No século XIV existiu um D. Mourão Pires que foi pai de um D. Gonçalo Mourão que parece ter tido descendência em que este nome se fixou como apelido.

Família Botelho - Brasão: em ouro, quatro bandas de vermelho, armadas de prata, postas em flechas invertidas de vermelho, armadas de prata, postas em roquete e atadas de ouro. Há diversas variantes deste timbre.
Origem: ignora-se ao certo qual a raiz deste apelido, embora se conheçam os três primeiros indivíduos que o usaram. Eram os filhos nascidos do casamento de Martim Vasques Barba com Dona Urraca ou Elvira Roiz de Ferreira: Pedro João e Alda Martins Botelho. Todos deixaram geração que continuou este apelido.

Família SousaBrasão: As armas primitivas dos Sousas eram de vermelho, uma caderna de crescentes de prata. Os Sousas primogênitos, isto é, os de Arronches, usaram esquartelar as armas antigas do reino em prata; cinco escudetes de azul em cruz, cada um carregado de cinco besantes do campo em aspa, com as referidas armas dos Sousas. Mais tarde, no entanto, vieram a acrescentar aos primeiro e quarto quartéis as bordaduras de castelos das armas modernas de Portugal, com um filete negro em contrabanda significando a bastardia de D. Afonso Dinis. Os Sousas do Prado ou Sousas Chichorros conservaram nos seus primeiro e quarto quartéis as armas antigas de Portugal, usando os segundo e terceiro de prata e um leão de púrpura.
Origem: Nome de raízes toponímicas tirado da terra de Sousa, designou primeiramente a linhagem deste nome, cujas origens documentadas datam de épocas anteriores à Nacionalidade, vindo posteriormente a ser apelido da família em que tal linhagem veio a transformar-se. Tendo recaído em senhora os dois principais ramos desta família, as duas damas da família, D. Maria Pais, chefe da linha primogénita, e D. Inês Lourenço, a secundogénita, vieram a casar respectivamente com D. Afonso Dinis, filho bastardo legitimado de D. Afonso III, e com D. Martim Afonso, meio-irmão daquele. De D. Maria Pais e D. Afonso nasceria a linha de Sousas dita de Arronches, por terem detido este senhorio, hoje chefiada pelos Duques de Lafões. De D. Inês e D. Afonso descenderiam dos Sousas ditos do Prado, por terem tido o senhorio desta vila, ou Chichorros, da alcunha daquele D. Martim.

Família Portugal - Brasão: usou o mesmo que a Casa Real Portuguesa, acrescidas de quatro cruzes florenciadas e vazias de prata, colocadas sobre e aspa e entre os escudetes.
Origem: Foi o nome do próprio país adaptado como apelido pela linha de descendência que proveio de D. Afonso, Conde de Ourém e primeiro Marquês de Valença, filho primogênito do primeiro Duque de Bragança.

Família Faria - Brasão: de vermelho, uma torre de prata, lavrada de negro, acompanhada de cinco flores-de-lis de prata, três em chefe e uma em cada flanco. Timbre: a torre do escudo, encimada por uma das flores-de-lis.
Origem: o uso deste sobrenome é bastante remoto, não se sabendo qual a sua raiz, possivelmente toponímica. Na segunda metade do séc. XII vivia já um certo João de Faria que foi pai de D. Godinho, o prelado que sucedeu a D. João Peculiar na arquidiocese de Braga e que viria a ser beatificado.De outros Farias medievais se tem notícia documentada, todos eles pertencentes à nobreza, se bem que nos não seja possível entroncá-los uns aos outros. Assim, a um Lourenço Faria se faz menção em 1288, nas inquirições de D. Dinis, dizendo-o senhor da Quinta de Onega do Paço. E em 1360, no instrumento de comprovação do casamento de D. Pedro I com D. Inês de Castro, surge como uma das testemunhas um Garcia Martins de Faria, cavaleiro. O mais famoso de teodos eles não deverá ser esquecido: Nuno Gonçalves de Faria, o célebre alcaide-mor do castelo de Faria, que deu a vida para conservação deste em poder dos portugueses.

Família Queirós/Queiroz - Brasão: escudo esquartelado, do qual os primeiro e quarto quartéis são: de prata, seis crescentes de vermelho, em duas palas; e os segundo e terceiro também de prata, um leão de vermelho. Timbre: o leão do escudo.
Origem: Inscrevem os genealogistas as origens desta família num quadro de quase inexcedível grandeza e antiguidade, fazendo-a derivar de um lendário príncipe Constantino, aliado do Papa Estêvão III contra Desidério, Rei da Lombardia, e vencedor deste. No entanto, os «de Queirós provêm dos antigos senhores da vila desta designação, nas Astúrias, que tiveram alguma preponderância social no século XIV. Terá sido no último quartel deste que passou a Portugal Fernando Álvares de Queirós, que seguiu o partido do Rei D. Fernando I, o Formoso, contra Henrique III de Castela, aqui se casando com D. Elvira de Castro, com geração que continuou este nome no nosso país. A linhagem Quirós (que deu Queirós em Portugal) é das mais antigas das Astúrias referindo o genealogista e heraldista espanhol Francisco Sarandeses, na sua obra "Heraldica de los Apelidos Asturianos" que era tão antiga e de tanto realce que usava como moto "despues de Diós la Casa de Quirós" nas fachadas brazonadas dos seus solares asturianos. A ligação genealógica com uma filha de D. Bernardo del Cárpio (ou D. Bernaldo) deve ser assumida como que tem vindo repetidamente a ser usado na família os apelidos de Bernaldo de Quirós. Um dos principais ramos dos Quirós deu origem à família Cienfuegos, descendente segundo todos os genealogistas espanhóis de D. Garcia González, senhor de Quirós, que com cem homens de armas munidos de archotes, investiu contra um exército de cem mil mouros que se encontravam nas suas terras (Quirós, bispado de Oviedo). Os mouros pensando que era a vanguarda de um exército leonês retiraram apressadamente, despenhando-se pelas íngremes montanhas o grosso das suas forças. D. Garcia ficou conhecido pelo "de los cien fuegos" e o local do feito, onde foi erigida uma ermida, por "Cienfuegos". Os seus descendentes tomaram esta última forma como apelido. Segundo refere o marquês de Abrantes, inscrevem os genealogistas as origens desta família num quadro de quase inexcedível grandeza e antiguidade, fazendo-a derivar de um lendário príncipe Constantino, aliado do Papa Estêvão III contra Desidério, Rei da Lombardia, e vencedor deste. Na sua opinião,contudo, os "de Queirós" provêm dos antigos senhores da vila desta designação, nas Astúrias, que tiveram alguma preponderância social no nosso país no século XIV. Terá sido no último quartel deste século que passou a Portugal Fernando Álvares de Queirós, que seguiu o partido do Rei D. Fernando I, o Formoso, contra Henrique III de Castela, aqui se casando com D. Elvira de Castro, com geração que continuou este nome no nosso país.

Família Ribeiro - Brasão: as primitivas armas que esta linhagem usou, neste século, eram um palado, ou um campo de ouro com palas de vermelho. Posteriormente, esquartelaram estas armas com: de negro, três faixas veiradas de prata e vermelho. Como timbre, foi-lhes atribuído um lírio de verde com cinco flores de ouro.
Origem: se nos abstrairmos das legendárias e muito remotas origens que alguns genealogistas dão a esta linhagem, para a fazerem remontar à Alta Idade Média, teremos que, documentadamente, ela provém de D. (?) Afonso Pires, dos «da Ribeira», que do seu casamento com D. Maria Raimundo, dos «de Sequeira», teve a Pedro Afonso da Ribeira, com geração que prosseguiu o nome, tendo os primeiros vivido em meados do século XIII.

Família Barros - Brasão: de vermelho, três bandas de prata, acompanhadas de nove estrelas de ouro postas uma, três, três e duas. Timbre: uma aspa de vermelho, carregada de cinco estrelas do escudo.
Origem: Nome de origem toponímica, parece tirado do lugar de Barros, no concelho de Regalados, onde vivia, no tempo dos Reis D. Afonso III e D. Diniz, Fernão Dias de Barros. De notar que até ao séc. XVII o apelido de Barros se grafou indistintamente assim, ou como Bairros. Pretendem alguns linhagistas que o primeiro a usar deste apelido tenham sido um membro da família de Haro, dos senhores da Biscaia.

Família Vasconcelos/Vasconcellos - Brasão: de negro, três faixas veiradas de prata e vermelho.
Origem: nome de raízes toponímicas, foi tirado da terra com esta designação.Foi adotado como apelido por João Pires de Vasconcelos, senhor daquela terra e contemporãneo de D. Afonso II, mas que terá vivido até meados do século XIII. Foi casado com D. Maria Soares, com geração que deu continuidade ao nome. Consoante a opinião de alguns autores, a chefia desta família veio a cair na Casa dos Vasconcelos, do morgado do Esporão e dos Condes de Figueiró (antigos).

Família Noronha - Brasão: escudo esquartelado, sendo os primeiro e quarto de prata, cinco escudetes de azul postos em cruz, cada qual carregado de cinco besantes do campo, postos em aspa; bordadura de vermelho, carregada de sete castelos de ouro e um filete de negro em contrabanda; os segundo e terceiro um castelo de ouro, aberto, iluminado e lavrado de azul, mantelado de prata, dois leões afrontados de púrpura, armados e lampassados de vermelho; bordadura composta de ouro e veiros, de dezoito peças. Timbre: um leão do escudo sainte.
Origem: nome de raízes toponímicas, tirado da vila de tal designação, outorgada em condado por Henrique II, rei de Castela a seu filho bastardo D. Afonso, havido em D. Elvira Iñigues de la Vega. D. Afonso, que foi conde de Noronha e de Gijon, casou com D. Isabel, filha natural do rei D. Fernando I de Portugal. Os filhos deste casal passaram todos ao nosso país na primeira metade do século XV, aqui sendo providos de grandes casas e ricos senhorios, a começar no primogénito, D. Fernando, que D. João I casou com a filha herdeira do primeiro conde de Vila Real. A chefia desta ilustrissima Casa está na dos Condes de Povolide.

Família Mateus/Matheus/Mathéus - Palavra derivada do hebráico “mathah”, que significa dom, dado a, doado. Surge na Grécia sob a forma Maththatos que deu, em latim, Mattaeus. O apóstolo e evangelista chamava-se Levi, filho de Alfeu. A adoção do nome de Mateus surge depois de sua adesão a Jesus a quem, parece, ficou a dever o nome, que vulgarizou-se em todo o mundo e em Portugal veio a ser adaptado como apelido por várias famílias, entre as quais não existe qualquer relação de parentesco.



Comentário e análise da trajetória de D. Luiz

D. LUÍZ ANTÔNIO DE SOUZA BOTELHO MOURÃO, 4º Morgado da Casa de Mateus, fidalgo português, Tenente-Coronel das Milícias de Vila Real veio ao Brasil com várias missões determinadas pelo Rei José I e sob as ordens do ministro-conselheiro da corte lusitana, Marquês de Pombal. A principal delas era governar e restabelecer a soberania da Capitania de São Paulo, abandonada há 17 anos e em pleno caos. Veio promovido a Capitão-General.
A partir daí teria que defender o território contra espanhóis e jesuítas, bem como produzir riquezas e enviá-las ao reino de Portugal, que estava empenhado na reconstrução de Lisboa, arrasada pelo terremoto de 1755.
Iniciou seu governo em 1765, com estímulos a agricultura; fundou dezenas de vilas; agregou os lusos e brasileiros esparsos em comunidades de ajuda mútua e distribuiu terra para fixar as famílias. Orientou-as, através dos seus prepostos governamentais, ao plantio de cana, incentivou a construção de engenhos e a produção de açúcar em grande escala para exportação, dando início ao desenvolvimento econômico de São Paulo e dos futuros estados sulinos do Brasil.
Até então as riquezas limitavam-se as pedras e metais preciosos disputados a ferro e fogo entre espanhóis, portugueses, alemães, holandeses, franceses e ingleses, que invadiam a América do Sul adentro, sacrificando nações nativas inteiras pela ganância desenfreada, na ânsia do enriquecimento rápido e abastecer os seus reinos. Tudo que encontravam e conseguiam extrair levavam ou mandavam para fora do Brasil.
A mais acirrada disputa, pela posse do continente sul americano e do território brasileiro, ocorreu entre espanhóis e portugueses o que levava os dois reinos a assinarem constantes acordos e tratados diplomáticos na tentativa de estabelecer limites territoriais e a paz entre Espanha e Portugal no continente americano, até mesmo arranjando casamentos contratuais entre príncipes e princesas sacrificados pelas alianças políticas e não pelo amor que unisse o casal. Essa questão sentimental era a de menos e os acordos não respeitados.
O governador dos Campos de Piratininga assumiu um quadro de desorganização na Vila de São Paulo e de guerras territoriais sem limites nas fronteiras de Mato Grosso e no Sul do Brasil de imensas regiões totalmente inóspitas e selvagens, onde prevalecia a força e a crueldade entre invasores e nativos tendo como promotores: espanhóis, portugueses e jesuítas, ignorando-se por completo as diplomacias.
Prevalecia a lei do mais forte, com o sacrifício inútil de milhares de vidas por cerca de 265 anos até a data da chegada do fidalgo e militar, D. Luís Antonio de Souza Botelho Mourão, que se revelou excelente administrador governamental em todos os sentidos ansiados pelo povo, não sem desagradar a minoria dominante da Capitania que se restringia a Vila de São Paulo.
Na época reinava D. José I que escolheu para ministro-conselheiro Sebastião José de Carvalho e Melo – Marquês de Pombal - um fidalgo pouco conhecido na corte portuguesa, vitima de perseguições do reinado anterior. Assumiu carregado de mágoas, porém demonstrou rara inteligência e perspicácia, apesar de espírito terrivelmente vingativo e ambicioso, que sabia da tradição e postura fiel ao rei de Portugal da parte de D. Luíz Antônio, unido da respeitável família dos Sousa Coutinho.
Sebastião José foi indicado ao rei por D. Luís da Cunha, influente cortesão, autor do “Testamento Político” que estabeleceu as diretrizes administrativas do novo reinado de Portugal.
Quando nomeado Ministro das Colônias de Além-Mar (África e Brasil) e Conselheiro da Corte - Marquês de Pombal - ao receber ordens do rei para reestruturar a decadente Capitania de São Paulo, não pensou duas vezes e chamou para esse difícil mister, o Tenente-Coronel das Milícias de Vila Real, D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão, que recentemente havia comandado algumas centenas de soldados contra uma tropa estimada em mais de 10 mil homens e saíra-se vencedor no enfrentamento ao exército inimigo que tentava invadir a região Trasmontana de Portugal.
Ao retornar do campo de batalha foi recebido como herói nacional e honrado na corte palaciana, depois do conflito conhecido como o “Pacto da Família”.
Sebastião José, que já detinha o título de Conde de Oeiras e fora promovido a Marquês, havia mantido contatos com nobres da família de D. Luíz Antônio agora ainda mais prestigiado pelo resultado dos combates e das vitórias militares a favor de Portugal, fato que pesou na escolha do ministro sobre a indicação do 4º Morgado de Mateus para a desafiadora governança da Capitania de São Paulo, “na colônia brasileira”.
Ao ser convocado e colocado a par dos planos reais, D. Luiz Antônio aceitou de pronto a missão e cheio de entusiasmo, veio ao Brasil, ciente das duras dificuldades que iria enfrentar.
Economicamente e militarmente a Capitania de São Paulo estava falida e entregue “ao deus dará”.
O plano inicial, colocado em prática por D. Luíz Antônio, foi o de concentrar as famílias em povoados e organizar a produção agrícola para a sustentação alimentar, econômica e das tropas do seu governo, com lavouras de subsistência e renda familiar, enquanto que as vilas se constituíam em pontos de paradas e avanços das milícias, rumo a garantia das fronteiras e expansão segura da população do Brasil atenta aos ataques castelhanos.
Enfrentar tropas e aventureiros espanhóis exigiu a militarização da Capitania de São Paulo e todos os homens foram convocados a pegar em armas, recrutados pelo exército português, tornando-se obrigatório o serviço militar a todos os moradores considerados aptos para o combate.
A frente do governo executivo e do exército defensivo ficou o próprio Comandante-General Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão – autoridade máxima - responsável pelos assuntos de guerra contra os invasores estrangeiros, desde os Campos de Piratininga.
Colocou em pratica a união, a cidadania, a inteligência e a força quando necessária, contra quem se opunha às diretrizes emanadas da Corte portuguesa: “... apressar o crescimento econômico de seu império para Portugal igualar-se às demais nações... para atender tal propósito, o Morgado depositava grande esperança na produção açucareira... de forma mais barata... em engenhocas, com pouco custo...”.
Os planos militares, colocados em prática pelo Comandante-General da Capitania de São Paulo estavam de acordo com as instruções recebidas de Portugal.
Foram criadas vilas por todo o litoral até as remotas distâncias do Paraná e Santa Catarina infestadas por espanhóis belicosos, que avançavam por terra e por mar e rios. Em seguida as tropas começaram a penetrar os sertões – rumo oeste - a partir das bases fundadas na orla marítima, desde São Paulo a Santa Catarina, bem como em direção às minas de ouro de Goiás e Cuiabá, a principio pelos cursos dos rios e depois pelas estradas abertas, a maioria delas, sobre os trechos nativos dos caminhos de Goiáses, do Viamão e do Peaberu.
O projeto mais arrojado, temeroso e criticado pelos seus opositores, sem dúvidas foi o da fundação da distante Colônia de Iguatemi – MS e a construção do Forte São Carlos que era visto como uma ameaça frontal ao Paraguai, principal reduto espanhol que governava, capitalizava e explorava as províncias castelhanas del Prata (Buenos Aires) e a del Guayrá (Paraná), além dos avanços rápidos e consideráveis das reduções missionárias dos loiolístas da Ordem de Jesus (jesuítas), os quais articulavam a criação teocrática da República do Itatim, desobediência ao papado e impunham a linguagem guarani e tupi aos seus aldeados, inclusive na Capitania de São Paulo.
Taticamente obrigou as tropas militares e exploradores do território brasileiro a se aventurarem em direção Oeste deixando quase em paz as regiões do Centro e Sul do Brasil.
Com o adoentamento do rei D. José I a linha sucessória ao trono apontava a rainha D. Maria, e forças ocultas começaram a se voltar contra ela maquinadas pelo todo poderoso Marquês de Pombal.
Essa conspiração foi descoberta pelos aliados e D. Maria, e as conseqüências sofridas pelo Marquês de Pombal atingiram, por extensão, as famílias dos Botelho, Mourão e dos Sousa Coutinho.
Abalaram o prestígio de D. Luiz Antônio de Souza Botelho Mourão, que repentinamente se viu isolado no Brasil a partir do momento que a Corte parou de enviar ordens e informações sobre os planos administrativos da Capitania de São Paulo.
Praticamente ficou sem ação. Não sabia o que fazer diante desse silêncio ameaçador e da retomada dos avanços espanhóis.
Mesmo assim – sabedor do risco a que estava sujeito perante o reino beligerante - decidiu por conta própria continuar a enfrentar e empurrar os invasores para além das fronteiras brasileiras.
Diante do silêncio da metrópole portuguesa em nada mudou a sua rotina pré-traçada na governança da Capitania de São Paulo, não mudando em nada os seus planos e critérios.
Cerca de 18 meses após as mudanças que se travavam na Corte: D. José I e de D. Maria, e na eminência do afastamento do Marquês de Pombal, D. Luíz Antônio recebeu ofício da Casa Real dando a entender que a prioridade deveria ser a defesa e manutenção do sul da Província e abandono de Iguatemi.
Talvez, os novos palacianos de Portugal não entenderam o que representava Iguatemi, estrategicamente construída pelo Morgado de Mateus, para desbaratar os exércitos espanhóis, que já estavam sem poder ofensivo de atacar o Centro e Sul do Brasil.
Nos planos interrompidos de D. Luiz Antônio, a partir da Colônia de Iguatemi, estavam: o povoamento da região matogrossense, a fundação de novas vilas e o desenvolvimento pecuário nas grandes extensões de campos naturais de Mato Grosso, bem como desbravar os sertões do Paraná e garantir os caminhos fluviais e terrestres dos quatro estados; São Paulo, Mato Grosso, Paraná e Santa Catarina, como já vinha desenvolvendo e, repentinamente, viu-se tolhido e ficou sem ação diante do silêncio de Lisboa.
Neste ínterim aumentavam as divergências e problemas de retaliações contra o Marquês de Pombal e membros das famílias dos Sousa Coutinho e dos Mourão.
Em Iguatemi grassava uma grave peste que dizimou centenas de vidas e a terrível doença foi contraída por D. Luíz Antônio, desgraça pestilenta que comprometeu sua saúde para sempre.
Mesmo gravemente doente e confuso com a situação perante o reino de Portugal, não abandonou os seus projetos, mas inteligente como era, percebia nas cartas que recebia do reino, que estava desprestigiado e seu futuro comprometido de forma negativa, tal como nos deparamos neste trecho que o orientava para como governar: “...sem aquele arrebatamento... inspirado pelo amor à glória e o desejo de ser útil... o que muitas vezes o fez atropelar as regras e a segurança...”.
Nota-se a clara perseguição sobre D. Luíz Antônio acusado, ainda, de ter abandonado a defesa do sul da Capitania de São Paulo colocando em risco os domínios portugueses ao voltar-se para a conquista de território que não interessava ao reino. Pretexto aludido claramente a Iguatemy.
Mesmo diante de tantas adversidades superiores e com a saúde abalada, nunca mudou a sua tenaz linha de conduta, convicto que seus planos eram a melhor estratégia administrativa a ser seguida e ignorou a advertência real de: “agir com prudência e segurança”.
Conhecia a realidade brasileira como ninguém, sentindo-a na sua própria pele ao se estabelecer nos Campos de Piratininga, sem qualquer temor.
A investidura de Capitão-General estava sendo ignorada pela Corte de Portugal enquanto, no Brasil, D. Luíz Antônio seguia firme nos propósitos que contrariavam as ordens do reino, consciente que sofreria duras conseqüências em face da mudança política e a perseguição iniciada contra os afetos do Marquês de Pombal e aos fiéis a D. José I.
O sonho de D. Luíz Antônio, pelos sacrifícios enfrentados e serviços prestados ao reino durante os 10 anos que governou os Campos de Piratininga, era o de voltar a sua terra natal com dignidade e reconhecimento pelos seus memoráveis feitos, com a mesma disposição e vontade de continuar a serviço da Corte, comprovadas nas dezenas de cartas que enviou a rainha D. Maria e ao vice-rei, nas quais insistia na continuidade dos planos de governo traçados por ele, apresentando fortes justificativas e argumentos, todavia desprezados pela nova casta que estabelecia o poder em Portugal.
Sabia que era tempo perdido porque a sua destituição do cargo de governador da Capitania de São Paulo já estava decidida na alta esfera do reino português.
Nesse meio tempo agitações de movimentos militares espanhóis aconteciam no Brasil, porém as ordens de combate contra os invasores não mais vinham e nem foram solicitados os préstimos da brava milícia paulista, tão temida pelos castelhanos.
Sem nada poder fazer D. Luíz Antônio se quedou ante a ordem “de cautela e de ações desnecessárias”, mostrando-se resignado e servilmente postado aos ditames seguintes da Corte, por conseqüência, inativo.
Enquanto isso prosseguia o processo da conspiração do Marquês de Pombal visando impedir a posse de D. Maria, da qual era desafeto notório desde o início do reinado de D. José I.
A fatalidade esperada por D. Luíz Antônio ocorreu com a chegada da incipiente ordem contida em uma Carta-Régia – maio de 1775 – que ordenava a sua volta imediata a Portugal, sem conter maiores comentários ou justificativas.
Esse foi o prêmio que recebeu por ter deixado a família, cumprir a risca as ordens recebidas quando veio para o Brasil, por fidelidade a Portugal, que teve como preço a sua saúde debilitada.
Retornou triste e amargurado, diferente daquele homem entusiasmado que chegou ao Brasil em 1765, empolgado com a missão recebida, de conquistar a terra brasileira, honrar o nome da família e glorificar a pátria-mãe.
Ao chegar em Lisboa não recebeu convite e nenhuma atenção da Corte, enquanto seu sucessor no governo da Capitania de São Paulo, apressou-se em acusa-lo de várias irregularidades, o que valeu a D. Luíz Antônio um fim de vida amargurado pelas injustiças e repleto de defesas para resgatar sua honra.
D. José I faleceu em fevereiro de 1777. Com a posse de D. Maria a maioria dos presos políticos foi libertada do cativeiro e do exílio.
O Marquês de Pombal não tinha mais sustentáculo na Corte e foi exonerado logo após a posse da rainha. O ex-ministro foi detido, destiiuído de títulos de nobreza, depois perdoado, porém condenado a residir no mínimo a 20 quilômetros longe da Casa Real, caindo em total desgraça que o afetou até a sua morte.
Dentre as centenas de vítimas do novo regime arrolaram o bravo D. Luíz Antônio, servidor fiel Del-rei e companheiro do Marquês de Pombal.
D. Luíz Antônio ainda alimentava a esperança de que um dia D. Maria o convidasse para a Corte e finalmente concluiu que a queda do Marquês de Pombal – que se isolou em uma propriedade campestre – ocasionou, também, a sua fatal derrocada depois de servir fielmente o rei D. José I.
Viu perdida a possibilidade de, mais uma vez, dar provas da sua capacidade e competência, fato comprovado na corregedoria feita na Capitania de São Paulo, a qual demonstrou a sua honesta administração governamental e militar.
Esgotados os pedidos de reabilitação perante a Corte de Portugal, D. Luíz Antônio dedicou-se exclusivamente a sua família na magnífica Casa dos Mateus, em Vila Real.
Talvez por consolo, alquebrado e doente, o Morgado de Mateus foi aposentado como Brigadeiro, um pequeno troféu para quem foi grande e deu sua vida a Portugal e parte dela ao Brasil.
Como previu, ao mandar descobrir os sertões do Paraná, seu nome passou para a história, fazendo-lhe justiça, resgatando o destemido Luíz Antônio de Sousa Botelho Mourão, patrono intelectual de Campo Mourão e fundador de freguesias e vilas - hoje cidades destacadas – páginas vivas dos seus arrojados feitos, verdadeiros cultos ao seu nobre e fidalgo nome.

Campo Mourão, 30 de maio de 2005
Wille Bathke Junior
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A Casa de Mateus é considerada Monumento Nacional e um dos mais belos solares deste bucólico local português, que pode ser avistada de longe.


Seu filho mais ilustre é D. Luíz Antônio de Souza Botelho Mourão o nobre e fidalgo, 4º Morgado de Mateus, mais famoso no Brasil, que empresta seu nome a Campo Mourão - PR.
 
 
Solar dos Mateus 

 
A volta do solar tem um belo jardim, uma área de pomares e videiras onde frutos são colhidos para produzir doces e vinhos com o selo dos Mateus. Atualmente a Casa de Mateus também é Centro Cultural.
  

Campo Mourão é memória viva de 
Luíz Antônio Botelho de Souza Mourão D.



(clique nas imagens p/ ampliar)

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